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terça-feira, 27 de abril de 2010

NOTÍCIA DE NITERÓI

publicado em 20/04/2010 às 12h02:
Alunos dividem escola com desabrigados em Niterói
Estudantes estão insatisfeitos com situação; eles dizem que perderam a liberdade
Luísa Ferreira, especial para o R7, no Rio
Texto:
Às vésperas de completar duas semanas das chuvas que deixaram centenas de desabrigados em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, escolas da rede estadual e municipal já voltaram às aulas. Apenas aquelas que servem de abrigo às vitimas das chuvas permanecem fechadas. Entretanto, em pelo menos oito unidades os alunos dividem o espaço com os desabrigados da chuva.
A Escola Estadual Guilherme Briggs foi uma das que conseguiram conciliar a volta às aulas na última segunda-feira (12) com um abrigo improvisado que já chegou a atender 138 pessoas. Enquanto 106 desabrigados ainda ocupam a sala de vídeo, o auditório e o refeitório da escola, os cerca de 1.026 alunos tem aula normalmente em suas salas. Nos primeiros dias após o recomeço das aulas, os turnos foram cortados pela metade. No turno da manhã, por exemplo, os alunos só tiveram aula das 7h às 10h30, não só por causa dos ajustes feitos para acomodar os desabrigados, mas também porque muitos alunos foram morar longe da escola para se abrigar na casa de parentes. Houve caso que alunos não voltaram mais à escola pelo mesmo motivo.

Segundo a diretora adjunta Alcinéia Souza, a primeira semana depois da tragédia não teve muito conteúdo acadêmico, as professoras priorizaram conversar com os alunos sobre os acontecimentos, até porque seis alunos da escola morreram no deslizamento do morro do Beltrão, onde cerca de 12 pessoas foram soterradas. A professora do 5º ano Vânia Poubel perdeu duas alunas neste deslizamento e tem tratado do assunto de maneira dinâmica com os alunos, pedindo para que eles escrevam ou desenhem tudo que estão sentindo. Para Vânia, também é importante conversar sobre os desabrigados e como eles devem ser tratados. Dois alunos estão abrigados dentro do colégio depois que suas casas foram interditadas pela defesa civil. A professora agora quer que os alunos valorizem o futuro.

- Pode estar difícil, mas falo para eles que a vida continua, não podemos alimentar muito a tristeza que eles estão sentindo.

Alguns alunos não estão satisfeitos com a situação e querem que logo seja arranjada uma solução. Estudantes que não quiseram se identificar reclamam que não têm mais a liberdade que tinham para circular na escola e se sentiram prejudicados com a diminuição do horário na primeira semana. Já os desabrigados não fazem nenhuma reclamação sobre os alunos, dizem que a convivência é tranquila, mas que ainda assim se sentem constrangidos e o que mais querem é ir para casa. Ivaneide do Nascimento diz que já teria voltado não fosse pelo medo dos filhos.
- Minha irmã que está grávida saiu daqui e foi para a minha casa, disseram que lá é de risco, mas não vai cair não. E se não deixarem a gente voltar vão ter que arranjar uma casa para a gente.
Além disso, os desabrigados também acreditam que serão esquecidos por estarem em uma escola que já está funcionando mesmo com o abrigo, pois acham que as autoridades darão prioridade aos colégios que não voltaram às aulas. A diretora da escola já tem planos de mudar os desabrigados de lugar dentro da escola até que a prefeitura ou o governo estadual os levem para suas novas moradias. As obras dos novos vestiários que ficam perto da quadra do colégio estão sendo terminadas, a ideia é alocar os desabrigados lá, e assim dar mais privacidade a eles e também aos alunos. Nem a escola nem os desabrigados foram informados sobre até quando eles ficarão alojados lá.

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