educação básica
09 de abril de 2007
Niterói: 70% dos professores sofrem de estresse
Um recente estudo da Universidade do Estado do Rio Janeiro (Uerj), realizado pela pesquisadora Gisele Levy, revela que cerca de 70% dos professores de cinco escolas da Rede Municipal de Educação de Niterói sofrem da Síndrome de Burnout, ou seja, de exaustão emocional, despersonalização e falta de realização.
A amostra reuniu 119 professores do Ensino Fundamental de Niterói e municípios vizinhos, que trabalham com alunos entre seis e 14 anos de idade. Deste total, 71 % pertenciam ao gênero feminino, 34% tinham idade entre 31 e 40 anos. 86% se sentiam ameaçados em sala de aula.
Segundo Gisele Levy, são muitos os aspectos que contribuem para a Síndrome de Burnout, como as condições precárias em que o ensino público se encontra, baixos salários, jornada de trabalho excessiva, prédios mal conservados, falta de equipamentos, violência dentro e fora das escolas e até mesmo a inexperiência.
"A idade do professor é determinante para o desgaste profissional. Professores de mais tem cerca de 10,6 milhões de jovens de 15 a 17 anos, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2005. De cada dez brasileiros nessa faixa etária, praticamente dois não estudam, quatro estão no ensino fundamental e quatro, no ensino médio. Pela idade, todos deveriam estar no ensino médio.
Por causa do atraso acumulado no ensino fundamental, muitos jovens chegam ao ensino médio com a idade defasada. Os dados do Censo Escolar de 2005 indicam que quase metade dos alunos que estão nesta etapa tem idade superior à adequada para a série que frequenta. Isso contribui para aumentar a idade de conclusão do ensino médio: de cada dez alunos que terminam o 3º ano, quatro têm mais de 17 anos.
Para o professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP) Naércio Menezes Filho, o Brasil precisa enfrentar não apenas o desafio de aumentar o acesso dos jovens ao ensino médio, mas também o de fazer com que eles possam terminar essa etapa na idade certa. Ele cita levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Segundo esse estudo, alunos de escolas públicas que concluem o ensino médio com até 18 anos têm melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No exame do ano passado, eles tiveram média de 33,72. Já os jovens com mais de 18 anos tiveram média de 28,99.
"Os alunos atrasados, ou entraram tardiamente, por virem de famílias mais pobres, ou repetiram várias vezes ao longo do processo. Por isso é que eles estão atrasados, e isso explica o desempenho pior deles nos exames", diz ele.
Para os especialistas, a falta de interesse do aluno pela escola é outro fator que pode prejudicar o desempenho nos estudos. A presidente da União Nacional do Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Maria do Pilar Lacerda, diz que a escola precisa se atualizar para atrair os jovens.
"As escolas continuam usando as mesmas ferramentas e instrumentos dos anos 50, do século passado. O quadro negro, giz, copiar, um [aluno] sentado atrás do outro, usando apenas o livro e o caderno, e aí há esse divórcio entre o que a escola acha que é bom e o que os meninos precisam", afirma. "A escola tem que responder ao desafio da contemporaneidade. Essa é a busca: a busca da qualidade não é qualidade de escola pública para pobres, é a busca da qualidade da educação para meninos e meninas desse país do século 21."
Outro caminho para aproximar o ensino médio dos jovens é a oferta de cursos profissionalizantes nas escolas públicas, como explica o ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo ele, esse é um dos pontos do Plano de Desenvolvimento da Educação, que o governo federal deve anunciar este mês. "Nós vamos investir fortemente na educação profissional no ensino médio. Havia uma lei que proibia a integração do ensino profissional ao ensino médio. Foi revogada pelo governo Lula, e agora nós temos todas as condições de oferecer para esse jovem uma perspectiva profissional."
Segundo o ministro, a previsão é que, em abril, seja publicado um edital para que os Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) e institutos tecnológ icos possam se candidatar a oferecer formação profissional para o jovem da escola pública de ensino médio. "Isso vai melhorar muito as condições de ensino, além, é óbvio, do livro didático do ensino médio ,que não existia no passado, e dos laboratórios de informática que estão sendo instalados em todas as escolas públicas de ensino médio do país", destaca Haddad, em referência a outras iniciativas que o ministério vem tomando.
(O Dia)
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